Por que você não quer mais ir à igreja? (opinião depois de ler o livro)

Bem, demorei um pouco para escrever, mas, semana passada recebi o livro “Por que você não quer mais ir à Igreja?” que tem sido divulgado aos quatro cantos e virado uma febre nacional. Confesso que não tinha muitas expectativas relacionadas ao conteúdo, pois o título, apesar de promissor, me parecia uma apologia ao abandono.

Mas, na medida em que fui lendo, minhas reações passaram do ceticismo para um estado boquiaberto, de boquiaberto a assustado, depois a impressionado, e por último a satisfeito. Muito satisfeito.

Sou adepto do pensamento de que não há livro mais completo do que a Bíblia, que preza por sua inerrância. Logicamente não esperava um livro 100% perfeito, sem escorregões. Mas o que vi me satisfez por entender que o retrato passado ali é algo que muitos de nós, aqui da blogosfera, falamos sempre.

Fiquei impressionado com a quantidade de vezes em que sorri lendo, ao me deparar com algo que pensava há tempos e não sabia ao certo como expressar. Ou das vezes em que frases e perguntas feitas por nós aparecem no texto.

Já fiz uma autobiografia aqui várias vezes, e, apesar de sermos um pouco mutantes, o nosso pensamento vai se construindo e solidificando, parecendo uma glória para nós termos a nossa imutável opinião. Por isso, quando nossos dogmas são expostos e destruídos como se fosse areia ao vento, dói. A desconstrução dói. Passo por isso há dois anos e sei das dores que tenho. Reconstruir é trabalhoso. Lembrar de quantas vezes fomos levados ao engano é triste. Mas o resultado final é sempre promissor, se levarmos em conta a capacidade que o homem tem de superar desafios, confiando em Deus.

Sou evangélico desde que não me conheço. O caso típico de cristão por herança de família. De alguma maneira, praticamente todos somos assim. Não poderia opinar ou testemunhar como é se chegar a Deus estando fora do cristianismo, pois nunca estive nesta condição. A adolescência foi passada na igreja, os amigos eram cristãos, companheiros de igreja, tudo era. Não tinha o que fazer “no mundo” por que eu “não era do mundo” e o mundo jaz no maligno. É, por um longo tempo foi assim. Hoje eu olho pra trás e vejo que esta tentativa de ser um E.T. me trouxe alegrias e muitas feridas.

Sou do tempo em que as proibições eram o carro-chefe das igrejas, que as fogueiras eram feitas nos pátios para queimas nossos discos, CDs, livros, e qualquer que fosse o material do mundo que tivéssemos. E com uma força tremenda, conseguia sempre sentir o tal “cheiro de enxofre”. Perdi a conta do meu prejuízo. Mas tudo bem, eu era adepto e divulgador deste modo de vida, o que pra mim era o máximo, por isso não culpo ninguém. Foi uma decisão minha, iludido pelas supostas revelações.
Mas o tempo passa, a maturidade vem, a experiência conta, e o melhor. Deus se revela no nosso coração, através de Sua palavra. Quando isso começa a acontecer, os dogmas caem por terra, a falsidade é descoberta, as mentiras são trazidas à luz, e o mundo parece que vai cair. Por isso entendo o que acontece no livro.

Mas, não, eu não saí da igreja. Não saí da comunidade que frequento. Por muitas vezes o quis, mas não consegui, não era o que tinha que ser. Mas fui sendo moldado na medida em que as coisas iam ficando cada vez mais claras.

Hoje, continuo amando as pessoas, o trabalho, tenho muito carinho pela comunidade, mas muito mudou. Planos, conceitos, dogmas, tudo passou por pente fino. Ainda tenho planos, mas eles são moldados não segundo a minha vontade. Às vezes o homem interfere, mas os planos de Deus se cumprem, de uma maneira ou de outra. Sou alguém mais feliz com o que sinto de Deus, mas continuo me considerando um e.t. O que mudou foi a “Terra”.

O livro é fantástico por trazer à tona reflexões e questionamentos que muitos de nós fazemos. Ouvi, ou melhor, li em alguma opinião que o livro não seria bom para os cristãos que vão à Igreja. Realmente, pode ser assustador, mas levando em consideração que temos alguns tipos de cristãos indo à Igreja, há controvérsias. Pensei que não gostaria do livro, hoje só não gosto de não ter sido eu quem escreveu...

Há uma pergunta no título do banner deste livro aqui no blog. Minha resposta já está dada, e bem clara... vale a pena sim. E você que ainda não leu, não se espante com o título, não julgue antes de refletir o texto. Não, não é uma apologia a um novo Êxodo, desta vez para fora dos templos. Até porque isto já foi dito por Jesus. É sim uma apologia à fé autentica, independente de quatro paredes, uma guerra contra os moldes atuais da Igreja, e uma reflexão sobre o nosso relacionamento com Deus e sua verdadeira Igreja.

Nota 10.

Um abraço,

Rodrigo Magalhães, no blog Pensamentos sobre a vida