Analisando: “Por que você não quer mais ir à igreja?”

Depois de ler o intrigante A Cabana, decidi ler o não menos polêmico Por que você não quer mais ir à igreja?, de Wayne Jacobsen e Dave Coleman, editado no Brasil pela Sextante, mesmo selo de best sellers como O monge e o executivo, O Código da Vinci, Anjos e Demônios e o próprio A Cabana.

O enredo traz a história de Jake Colsen, um pastor cheio de dúvidas que encontra em seu ministério um misterioso João, a quem julga ser o discípulo amado de Jesus, que permaneceu vivo através de dois milênios. Em encontros esporádicos e não menos inusitados com João, Colsen esclarece alguns de seus questionamentos sobre a vida com Deus, a estrutura da igreja e revela sua insatisfação com o modelo institucionalizado de igreja, da qual ele mesmo, Jake Colsen, era um dos pastores.

Desolado com as reviravoltas de seu ministério, o qual decide abandonar, Jake procura conhecer outros modelos de comunidades cristãs, fora dos padrões engessados de igrejas institucionais que atravessaram os séculos e chegaram até nós.

Naturalmente, o enredo da obra é um convite à reflexão sobre a situação de diversas igrejas, muitas delas nas quais o leitor pode estar inserido. Creio que pessoas que têm um bom relacionamento com Deus em suas comunidades eclesiais e conceitos bem firmados no que elas representam em suas vidas não terão problemas em interpretar a obra como um simples chamado ao refletir sobre a igreja. Entretanto, temo que pessoas que estão descontentes com seus ministérios e vidas em comunidades e igrejas diversas sejam confrontadas em suas opiniões e, certamente, podem deixar pelo caminho sua convivência com outros irmãos no Corpo de Cristo.

Fato é que, frente ao caleidoscópio eclesiástico que vimos nestes dias de pós-modernidade, em poucos lugares podemos ver, verdadeiramente, reflexos da verdadeira igreja – o Corpo místico de Cristo. Contudo, vale ressaltar que nem tudo está perdido. Embora muitas organizações abandonem seu chamado para ser Corpo, talvez como aquela que Jake Colsen pastoreava, tantas outras ainda conservam em sua vida diária a vocação e o exercício da verdadeira comunhão entre pessoas e o Cabeça da Igreja, Cristo, o Mestre.

Tenho para mim que, ainda que aparentemente falido, o modelo de igreja como instituição não deve ser deixado de lado, porém ele não pode, jamais, suplantar a ideia de igreja como um corpo e como uma família.

No geral, a obra é uma boa ficção e, como sua antecessora A Cabana, convida o leitor à uma reflexão sobre seu relacionamento com Deus e com o próximo. Como observei, há alguns domingos, em uma aula de Escola Dominical, a busca por obras que, de certa forma, estimulam o leitor ao conhecimento e à reflexão sobre sua condição frente e ao lado de seu Criador é altamente positiva, e um reflexo claro de que todos, independente de confissão religiosa, devemos conhecer a Deus e buscá-lo, enquanto o podemos achar.

Há quatro semanas o livro encontra-se na lista dos mais vendidos da Veja, entre outras relações de livros mais vendidos. A principal ferramenta de divulgação do livro tem sido a blogosfera, através de blogueiros e blogueiras que o promovem e comentam – elogiando-o ou não.

Luiz Claudio, no blog Carrinho de Pipoca

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